Reflexões de um século de transformações

A sociedade do conhecimento
A sociedade emergente será baseada no conhecimento de trabalhadores altamente qualificados. É a primeira sociedade em que a maioria das pessoas não faz o mesmo trabalho, tal como era o caso quando dominavam os camponeses, ou quando se julgou que poderia ser constituída por operadores de máquinas. Isto é muito mais do que uma mudança social. Trata-se de uma viragem fundamental na condição humana.

A nova classe líder
Os trabalhadores não qualificados não constituirão a maioria na sociedade do conhecimento, mas serão o maior grupo de população activa. E, mesmo que sejam ultrapassados em número por outros grupos sociais, serão aquele que dará a esta sociedade emergente o carácter, a liderança e o perfil social. Poderão não ser a classe que governa, mas são já a classe que lidera.

Competitividade e conflitos de classe
A sociedade corre o perigo de um novo "conflito de classe" entre a minoria dos trabalhadores do conhecimento e a maioria das pessoas que ganharão a vida de formas tradicionais ou nos serviços. Tornar-se-á, inevitavelmente, muito mais competitiva que qualquer outra sociedade. Não haverão países "pobres" - só países ignorantes. E o mesmo será verdade para os indivíduos, as empresas, as indústrias e todos os tipos de organizações.

Equipas e organizações
A nova sociedade implica dois novos requisitos: os trabalhadores qualificados passarão a trabalhar em equipa e terão acesso a uma nova organização, da qual serão empregados ou, pelo menos, filiados.

A fonte de rendimento
Na sociedade do conhecimento não é o indivíduo que produz o rendimento. Ele passará a ser o centro de custos, em vez de rendimentos. Será uma sociedade de empregados, em que estes possuem novamente os instrumentos de produção. O investimento no conhecimento determinará se o empregado é produtivo, e não as máquinas ou o capital que a organização oferece.

O papel central da gestão
Como a sociedade do conhecimento tem forçosamente de ser uma sociedade de organizações, o seu orgão central e distintivo será a gestão. A essência do papel do gestor é tornar o conhecimento produtivo. Terá, por isso, uma função social.

As implicações políticas
A emergência desta sociedade tem profundas implicações políticas: cria um novo centro de organização política, muda totalmente a política económica, e desafia a capacidade de funcionamento do Estado.

O impacto competitivo global
Cada país e indústria terá que aprender que a primeira questão a colocar não é se "isto é desejável?", mas sim: "qual vai ser o seu impacto na posição competitiva do país - ou da indústria - no quadro da economia mundial?" Este não é, obviamente, o principal factor da decisão, e muito menos o único. Mas tomar uma decisão sem considerar esse aspecto será um acto irresponsável.

A internacionalização dos negócios
A posição competitiva na economia mundial terá de ser a primeira consideração no desenhar das políticas internas e das suas estratégias, quer seja de um país, de uma empresa, ou de qualquer organização. O conhecimento não terá fronteiras regionais ou nacionais.

Uma sociedade pluralista
As teorias e políticas sociais actuais ainda assumem uma sociedade em que não existem outros centros do poder a não ser o Estado. As novas instituições não têm interesse no "poder político". Não querem ser governo. Mas, exigem autonomia no que se refere à sua função.

Um século de transformações
Se o nosso século foi caracterizado pela ocorrência de transformações sociais, o próximo precisará de ser um século de inovações políticas e sociais.