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Artigo - O Perfil da Escola Pós-Moderna- ( Ryon Braga *)
 
     

O ministro da Educação Paulo Renato Souza afirmou, durante uma palestra em Washington (EUA), ter constatado que o professor brasileiro, principalmente o de ensino médio, não sabe ensinar.

O Perfil da Escola Pós-Moderna Ryon Braga O ministro da Educação Paulo Renato Souza afirmou, durante uma palestra em Washington (EUA), ter constatado que o professor brasileiro, principalmente o de ensino médio, não sabe ensinar.

Se esse fato se constitui uma novidade para o ministro, o mesmo não se pode dizer dos jovens, que há muito experimentam no dia-a-dia essa verdade. São professores que, em sua maioria não acompanharam os novos tempos, não conhecem o "mundo" do jovem, sua linguagem e seus valores. Tudo no mundo está mudando, mas muitas escolas e professores insistem em dar aula da mesma maneira com que faziam há dez ou vinte anos.

Não é admissível que a geração do computador, da internet e da realidade virtual, aceite passivamente ficar sentado em uma cadeira por 4 horas, ouvindo explanações de um ou vários professores.

Conta-nos José de Oliveira, professor de Direito que, em seu tempo de estudante, ele ficava fascinado com o professor que sabia na ponta da língua o Código Penal, que recitava artigo por artigo sem errar uma vírgula. Hoje, um profissional assim está fadado a ser peça de museu. O próprio Oliveira, em suas aulas, quando necessita de informações do Código, recorre à memória de seu Notebook.

O professor enquanto retransmissor de informações está com os dias contados, uma vez que qualquer aluno pode ter mais informações sobre determinado assunto do que qualquer professor.

Para o Jornalista Gilberto Dimenstein, o fundamental do processo escolar, hoje, não é você ter conteúdo, "é você viabilizar a capacidade de associação de idéias das pessoas". Para Dimenstein, "a escola, como a gente conhece, é a transmissão de um conhecimento passado, então os professores se acomodam com a idéia de que o conhecimento passado é o conhecimento que vale a pena no futuro! Eles costumam repetir os mesmos dados da chegada do homem à América, Física, Química, Biologia, porque o professor não tem uma vinculação muito forte com a realidade."

Os professores não sabem usar a informação nova, não sabem contextualizar os fatos reais da vida no currículo de sua disciplina. Com a Internet o professor está sendo obrigado a repensar esse processo. Todo o conhecimento você pode obter em outras fontes. Caíram os muros da escola. O professor é obrigado a ser um facilitador. Ele não foi treinado para isso; e ele é contra isso.

Vivemos a época de informação em tempo real, e se a escola não mudar, ela ficará cada vez mais distante do que acontece.

Perfil do professor pós-moderno:

• Facilitador na busca, seleção de informações;

• Orientador no processo da passagem da informação para o conhecimento;

• Auxiliar na contextualização desse conhecimento com a realidade vivida pelo aluno;

• Agente do desenvolvimento da capacidade de aplicação prática e útil desse conhecimento;

Para isso o professor precisará: • Conhecer a realidade do aluno, sua linguagem, seus valores e seus objetivos de vida;

• Integrar conceitos e fatos do dia-a- dia na estruturação do conteúdo de sua disciplina;

• Agregar à sua aula, instrumentos de comunicação, tais como: sua própria Home Page, seus livros, o seu jornal ou boletim de informações, enfim, terá que estar conectado com o cotidiano para poder traduzi-lo e encaixá-lo nos contextos educacionais.

Muitas escolas estão buscando, mesmo que de forma ainda muito primária, quebrar a condição de ser uma das instituições mais conservadoras do planeta. Essas escolas estão fazendo pequenas ações: incluir no currículo disciplinas como astronomia, computação gráfica, teatro, fotografia,publicidade, música, psicologia, filosofia, etc. Outras inovam, optando pelo trabalho em uma sala de aula com 2 professores, de disciplinas diferentes mas falando sobre o mesmo assunto.

Nessas escolas inovadoras, os problemas como indisciplina e violência vêm sendo discutidos junto aos jovens, em grupo. São os próprios alunos que estabelecem as regras e as formas de fazê-las serem cumpridas. E são os mesmos alunos, que em grupo, decidem o que fazer quando essas regras são transgredidas. A prática já demonstrou que a melhor receita para o desenvolvimento da maturidade do aluno pode ser resumida no binômio autonomia x responsabilidade.

No momento em que você coloca o jovem como agente que tem o direito de decidir sobre o seu cotidiano escolar e que, ao mesmo tempo, precisa arcar com as conseqüências de suas decisões, dá-se a ele a oportunidade de desenvolver-se enquanto indivíduo com caráter, personalidade, opinião própria e, principalmente, responsável por suas ações.

Por outro lado, uma das maiores dificuldades encontradas pelos professores é a falta de motivação e persistência dos jovens. Os jovens, nas palavras de Stephen Kanitz, têm muita iniciativa e pouca "acabativa", ou seja, eles apresentam dificuldades em manter o entusiasmo e a persistência quando os resultados não são imediatos.

Para entender melhor essa questão da pouca "acabativa" devemos avaliar a influência do virtual na formação das novas gerações de alunos. É uma geração que cresce interagindo mais com situações virtuais do que reais. É a novela onde o galã entra na faculdade em um capítulo e, alguns capítulos adiante, já está formado, parecendo que para tal tarefa o esforço foi mínimo. O mesmo se dá com o videogame, onde em poucos minutos o jovem, partindo do nada, constrói impérios, domina países e vence inimigos poderosos. Com tudo isso, na hora em que o jovem depara-se com situações reais, onde esforço e dedicação são necessários para atingir a meta, acaba desmotivando-se e desiste facilmente.

A inevitabilidade dessas tendências mostra claramente a necessidade de no futuro se complementar ou substituir o papel tradicional das famílias como a principal instituição encarregada de transmitir e consolidar entre os jovens os valores de cidadania e moral que a sociedade requer. Ainda que a educação de hoje seja objeto de críticas muito profundas, parece também que será dela a primazia desse papel.

Nesse contexto, tudo o que ocorre com o jovem deve ser objeto de interesse da escola. Seus relacionamentos, seus anseios, suas iniciativas, suas questões familiares e tudo o mais precisa ser trabalhado, discutido, orientado e debatido na escola. Mais do que nunca as escolas devem-se preocupar em tratar o aluno como ser integral, com todos os aspectos, desde o cognitivo até o social, passando pelo afetivo, emocional, moral, estético e ético. Tudo isso, e nada menos do que isso, é o que se espera da nova figura do educador. Não é à toa que muitos futurólogos já apregoam que esta será a profissão mais valorizada e bem remunerada num futuro próximo.

* Ryon Braga é Editor e diretor de Redação da Revista @prender on line Consultor educacional, escritor e diretor de comunicação e marketing da USC - Universidade São Camilo - ES .

 
     

 

 
     
 
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