Batalha de Iwo Jima
 

Preparativos da invasão

Diferentemente de operações anteriores no Pacífico (Ilhas Salomão, Ilhas Marshall, Ilhas Marianas...), a invasão norte-americana em Iwo Jima ia focar-se em uma única ilha. Mais uma vez, os fuzileiros navais norte-americanos, os marines (chamados erroneamente de "marinheiros" nas traduções brasileiras de muitos filmes), participariam dos combates em terra. Nos Estados Unidos, os fuzileiros navais constituem uma força armada à parte, separada da marinha norte-americana.

Antes da invasão propriamente dita,uma série de ataques aéreos norte-americanos foi feita contra Iwo Jima. Esses ataques tiveram início em dezembro de 1944, mas apesar da grande quantidade de bombas lançadas pelos aviões nesses ataques, eles se mostraram ineficazes. Isso levou a inteligência norte-americana a concluir que não era uma questão de quantidade, mas de precisão: o mais importante não era lançar muitas bombas, mas que elas acertassem os alvos. Em Iwo Jima, os soldados japoneses construíram uma rede de abrigos e túneis que os protegeu muito bem da maioria desses ataques aéreos.

Os profissionais da inteligência norte-americana estimavam que o número de combatentes japoneses em Iwo Jima não seria superior a 13 mil homens. Eles estimavam esse número porque concluíram que os japoneses não deveriam dispor de água potável em quantidade suficiente para um número maior de homens. Nisso, podemos identificar dois erros estratégicos, um do lado norte-americano, outro do lado japonês.

O erro norte-americano foi o serviço de inteligência não saber ao certo quantos soldados japoneses estavam de fato na ilha. Além disso, o número de soldados japoneses na ilha era muito maior que o estimado: mais de 20 mil. O erro japonês: não havia de fato água potável suficiente para essa quantidade de homens e semanas antes da invasão norte-americana os japoneses já enfrentavam a escassez, consumindo ínfimas quantidades de água racionada.

O inferno, literalmente

As forças norte-americanas já esperavam que os combatentes japoneses que defendiam a ilha ofereceriam violenta resistência. Já havia sido assim em batalhas anteriores travadas em outras ilhas e não havia motivos para crer que seria diferente em Iwo Jima. Mesmo assim, os estrategistas norte-americanos acreditavam que a vitória seria rápida, que os Estados Unidos assumiriam o controle da ilha em pouquíssimo tempo, que a batalha duraria poucos dias.

Eles estavam enganados: a batalha foi acirrada e durou cerca de um mês, que pareceu interminável para sobreviventes de ambos os lados. Eles vivenciaram um verdadeiro inferno: imagine o que deve ter sido a sensação de lutar num lugar impregnado pelo cheiro de enxofre e de carne humana queimada, acompanhado do som intermitente de tiros e explosões.

Um general sensato

O grande trunfo dos japoneses em Iwo Jima era a presença do general Tadamichi Kuribayashi. Diferente de outros militares japoneses da época, Kuribayashi era sensato e preferiu ignorar várias das táticas e tradições militares adotadas pelos seus colegas. Muitos militares japoneses acreditavam que o importante era que o máximo de soldados japoneses sacrificassem sua próprias vidas em honra do imperador.

Kuribayashi pensava diferente: para ele o mais importante era vencer e por isso orientou seus homens para que poupassem recursos e matassem o maior número possível de norte-americanos. Assim, naquele momento, para Kuribayashi, os homens sob seu comando eram mais úteis vivos do que mortos.

Essa mudança de estratégia não foi suficiente para evitar a derrota japonesa, mas produziu um resultado até então inédito: em Iwo Jima, foi travada a única batalha da campanha do Pacífico em que os fuzileiros navais norte-americanos sofreram mais baixas do que as causadas aos japoneses.

De modo geral, Kuribayashi estava preparado para a invasão norte-americana: os combatentes japoneses na ilha dispunham de grandes estoques de armas, munições, rádios para comunicação, ferramentas e mantimentos, exceto, vale lembrar, de água potável. Kuribayashi também havia levado para a ilha alguns dos melhores engenheiros militares que o Japão dispunha.

Esses engenheiros eram experientes, e já haviam trabalhado para as forças armadas japonesas na China e na Manchúria. A areia vulcânica encontrada em Iwo Jima produzia uma espécie de concreto muito resistente a tiros de canhão, vantagem essa que foi explorada na construção de fortificações. Por isso, é comum afirmar que Iwo Jima foi caracterizado pela luta da "carne e sangue norte-americanos contra o concreto japonês".

Além das fortificações, os japoneses construíram abrigos escavados na rocha. Os soldados ficavam escondidos nesses abrigos subterrâneos, nos quais estocavam comida e munições, e de onde disparavam tiros de morteiro ou de canhão.

O significado estratégico da ocupação da ilha

Finalmente, no dia 19 de fevereiro de 1945, três divisões dos fuzileiros navais dos Estados Unidos, com pouco mais de 70 mil homens, desembarcaram na ilha. Para transportá-los foram utilizados 68 veículos anfíbios. Quase a metade dos fuzileiros dessas três divisões já tinha experiência em combate.

 

Alguns deles, como, por exemplo, o sargento de artilharia John Basilone mais conhecido pelo apelido "Manila John" (que ele ganhou por ter servido o exército norte-americanonas Filipinas antes de se juntar aos fuzileiros), já haviam lutado contra os japoneses na batalha de Guadalcanal (uma das ilhas Salomão), travada em 1942. Ele recebeu a Medalha de Honra, em reconhecimento a suas ações em Guadalcanal, mas se recusou a receber patente de oficial e se apresentou como voluntário para voltar a lutar no Pacífico.

Outros eram bem mais jovens, caso do recruta Anthony Muscarella, que se alistou quando tinha apenas 14 anos (ele mentiu na idade para poder se alistar). Dois anos depois, ele já era um veterano que havia lutado nas ilhas Marianas, apesar de seus apenas 16 anos de idade.

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