Grécia Atual
 

História da Independência grega

Apesar do passado glorioso e do legado para a humanidade, como nação, a Grécia é apenas oito meses mais velha que o Brasil. Afinal, enquanto conquistamos nossa independência em setembro de 1822, os gregos fizeram o mesmo em relação aos turcos em janeiro do mesmo ano. Ainda assim, o processo de formação e estabelecimento total do território grego independente durou um século e hoje pode ser visto nos conflitos étnicos por que passa o Chipre.

Em 1814, nacionalistas gregos fundam o Filikí Etaireía (Sociedade dos Amigos), com o objetivo de preparar um movimento de independência organizado. A revolta teve início em 25 de março de 1821, com conflitos em ilhas egéias e no Peloponeso. Em janeiro de 1822, essa última região é conquistada pelos rebeldes, que declararam a independência da Grécia.

Foi uma guerra extremamente sangrenta, até para os padrões da época. Ainda em 1822, os turcos se vingam da matança de muçulmanos e massacram os gregos em Chíos. A batalha inspiraria o quadro “Massacre de Chíos”, do pintor francês Eugène Delacroix. A obra é apenas um reflexo do quanto a Guerra da Independência da Grécia mobiliza toda a Europa cristã.Vários estrangeiros, como o escritor inglês Lorde Byron, se alistam no exército heleno. Após uma reação turca, os governos de França, Rússia e Grã-Bretanha decidem intervir para assegurar a sobrevivência de um Estado grego independente. É assinado o Tratado de Londres, no qual esses países exigiam um recuo das tropas do sultão.

O quadro “The Massacre of Chios”- pintado em 1824 - está exposto no Museu do Louvre, em Paris.

Os otomanos não aceitam os termos e são atacados. As três potências enviam tropas e destroem a frota turca na batalha de Navarino, Egito. Em 1828, os russos invadem Adrianópolis e chegam perigosamente perto de Istambul (antiga Constantinopla). No mesmo ano, Ioánnis Kapodistrias se torna o primeiro presidente da Grécia. Os turcos aceitam oficialmente a paz em 1829. Em 1831, Kapodistrias é assassinado, mas as grandes potências confirmam a independência grega em 1932, quando a Conferência de Londres cria um protetorado no novo país e leva o príncipe Otto da Baviera ao trono da Grécia.

A partir daí, o governo da Grécia tem de enfrentar os problemas internos, como a pobreza e a instabilidade política. Em 1862, uma revolução destitui Otto por descumprimento da Constituição. É substituído pelo dinamarquês Jorge I, que proclama uma monarquia parlamentar e mantém uma certa estabilidade no país.

Em 1912, tem início a Guerra dos Bálcãs, levante que envolveu nacionalistas macedônios, albaneses, sérvios e búlgaros. Os conflitos duram apenas um ano e terminam com a Grécia dobrando sua extensão territorial. A tensão na região (vizinha do Império Austro-Húngaro) serve como estopim da Primeira Guerra Mundial em 1916, depois que príncipe austríaco Francisco Ferdinando é assassinado por um nacionalista sérvio em Sarajevo.

O rei Constantino se declara neutro. No entanto, o primeiro-ministro Elefthérios Vanizélos defende a entrada da Grécia ao lado da Tríplice Entente (Reino Unido, França e Rússia) e entra em choque com o monarca. Em 1917, Constantino renuncia, marcando a entrada oficial da Grécia na guerra.

Terminados os conflitos, o governo turco estava enfraquecido. Aproveitando-se do momento favorável, os gregos tentam invadir Istambul. São derrotados e têm de devolver os territórios conquistados a partir de 1920. É também acertada a troca de população civil: 400 mil muçulmanos que residiam na Grécia voltam à Turquia, enquanto que um milhão de gregos ortodoxos -a maioria proveniente de Esmirna- vão para a Europa.

A chegada de tanta gente -empobrecida e desempregada- desestabiliza a economia grega. Com isso, o país também entra na onda de governos ditatoriais fascistas que surge na Europa. No entanto, o general Metaxás, primeiro-ministro indicado pelo rei Jorge II, se diz neutro na Segunda Guerra Mundial. Em 1940, a Itália invade a Grécia, mas os helenos resistem. No ano seguinte, porém, não suportam a força das tropas alemãs.

A libertação do governo nazista só chega com a entrada de tropas britânicas em 1944. Na Grécia, então, começa uma nova guerra, com monarquistas e comunistas lutando pelo controle político do país. Norte-americanos e britânicos apóiam os monarquistas, que vencem em 1949. Apenas dois anos depois, o país, localizada em uma região estrategicamente importante por estar próxima do Leste Europeu comunista e do Oriente Médio, é aceito na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar liderada pelos Estados Unidos).

Em 1953, Konstantinos Karamanlis é eleito primeiro-ministro. É sucedido pelo socialista Georgios Papandreou. A linha ideológica do novo governo não agrada a muitos militares que, em 21 de abril de 1967, forçam o exílio do rei Constantino II, destituem o primeiro-ministro e estabelecem um governo militar. A junta que controla o país é parecida com a que governa o Brasil na mesma época, não economizando em censura, brutalidade e perseguição de opositores. Também tem apoio dos Estados Unidos.

Aí entra a questão do Chipre, país dividido entre a população turca e grega. Os cipriotas ficaram sob o domínio britânico até 1960, quando conseguiram a independência após cinco anos de revoltas. O governo militar grego tenta incorporar Chipre. Em 1974, a Grécia mata 20 estudantes protestantes em uma tentativa de atingir o arcebispo Makários, líder da igreja ortodoxa cipriota. A Turquia, como forma de proteger os cipriotas de origem turca, invade o norte da ilha, que até hoje está dividida em duas.

O episódio enfraquece a junta militar, que sai do poder. Konstantinos Karamanlis volta provisoriamente e convoca um referendo a respeito da forma de governo. Com dois terços dos votos, a república parlamentarista bate a monarquia. Em 1981, a Grécia é aceita na Comunidade Européia, atual união Européia.

Fonte: Guia da Grécia - http://br.yahoo.com/olimpiadas2004/especiais/grecia_1_historiarecente.php

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