Descobrimento do Brasil
 

Causas para o "Descobrimento do Brasil"

Durante a Baixa Idade Média (séculos XII-XV), desenvolveu-se o processo de transição do feudalismo para o capitalismo. A Europa Central e Ocidental, que nos séculos anteriores vivera a estagnação econômica do sistema feudal, despertou para o Renascimento Comercial e Urbano: expandiram-se as atividades mercantis, as rotas de comércio se multiplicaram, surgiram as feiras e foram fundados inúmeros burgos, os quais dariam origem a novas cidades.

A importância de Constantinopla

No decorrer da Idade Média, cobrindo o sul da Península Balcânica e a Ásia Menor (atual Turquia), o Império Romano do Oriente – também conhecido como Império Bizantino – viveu do comércio, contrastando com a economia de subsistência que caracterizou o mundo feudal. Sua capital, Constantinopla, era a maior cidade da Cristandade, possuidora de riquezas que nenhuma outra seria capaz de ostentar. Mas o Império Bizantino tinha graves problemas políticos internos e era militarmente fraco. Pressionado por inimigos agressivos, iria perder mais e mais territórios, até ficar reduzido à cidade de Constantinopla, “uma monstruosa cabeça sem corpo” que os turcos otomanos conquistariam em 1453. Apesar de seu poderio declinante, Constantinopla (atual Istambul) sempre se caracterizou como um importantíssimo entreposto comercial, graças a sua inigualável posição para o contato entre a Europa e a Ásia (ou, como se preferia dizer, entre o Oriente e o Ocidente). Através dela chegavam ao Mediterrâneo, para serem depois comercializados por toda a Europa – já na época do Renascimento Comercial e Urbano – os produtos das Índias: tecidos finos, jóias, perfumes e sobretudo pimenta-do-reino, cravo, canela, gengibre, baunilha e noz-moscada (as célebres especiarias).

O contorno da África

Logo após a conquista de Constantinopla, praticamente todas as especiaria vindas do Oriente chegava à Europa através de Veneza, na Itália. Isso porque os venezianos fizeram um acordo com os turcos, obtendo deles o monopólio para a distribuição das especiarias.

Portugal era uma das nações mais distantes da Itália. Assim sendo, as especiarias chegavam a Lisboa com preços exorbitantes. Ao mesmo tempo, Portugal era um dos únicos países europeus com saída para o oceano Atlântico. Sob inspiração do rei D. João II, os portugueses se dispuseram a singrar as misteriosas e temíveis águas do Atlântico - então chamado de Mar Tenebroso - para contornar o continente africano e chegar à Índia por via marítima. Uma vez na Índia, eles poderiam obter pimenta por preços muito mais baixos.

Começou então a grande epopéia portuguesa do reconhecimento da costa da África. Superando temores e preconceitos em relação a mares e terras desconhecidos, os lusitanos, em viagens sucessivas, avançaram em direção ao sul do continente. Inicialmente, o progresso foi muito lento, pois Portugal dividiu seus esforços marítimos com os combates terrestres para defender Ceuta e conquistar Tânger. A Ilha da Madeira foi descoberta em 1419 e os Açores, em 1431; mas o Arquipélago de Cabo Verde só foi atingido em 1444, quando Portugal passou a se dedicar, com intensidade crescente, ao comércio de escravos negros.

Depois de incessante luta contra as correntes e os perigos do Atlântico, os navegadores lusos enfim chegaram à Índia. O autor da façanha foi Vasco da Gama. No dia 27 de maio de 1497, ele aportou com suas três caravelas no porto de Calicute, na costa do Malabar, no sul da Índia. Aquele não foi apenas um extraordinário feito náutico: foi também um marco que estabeleceu o início do período que certos estudiosos chamam de "a era da dominação européia na História" - cujos reflexos permanecem vivos ainda hoje.

A história da humanidade contém sagas de extraordinária beleza, mas nenhuma suplanta a história dos descobrimentos marítimos dos séculos XV e XVI. Homens de coragem e de saber aventuram-se por mares e oceanos totalmente desconhecidos em busca de conhecimento e riqueza. Para isso foram necessários avanços técnicos que transformaram e desenvolveram a ciência da construção naval e dos planos bélicos das embarcações, a arte da cartografia e os métodos de aquisição das informações geográficas essenciais à sua precisão, a navegação pela observação astronômica, os instrumentos e a matemática insdispensáveis à sua utilização.

A expedição de Cabral

Em termos práticos, a viagem de Vasco da Gama não produziu resultados imediatos. O rei de Calicute recebeu o navegador português com menosprezo, o que levou Gama, em represália, a bombardear a cidade (aliás, sem causar grandes danos). Diante disso, o rei de Portugal, D. Manuel I, decidiu enviar para a Índia uma frota que causasse maior impressão, inclusive transportando tropas de desembarque, para forçar o soberano local a concordar com a implantação de uma feitoria lusitana em Calicute.

A preparação da esquadra se fez rapidamente: apenas oito semanas após o retorno de Vasco da Gama a Portugal, os navios já estavam prontos para partir. Eram ao todo treze barcos de tipos diversos: oito naus, três caravelas (esses onze barcos eram armados), uma caravela mercante e um navio de mantimentos. Duas embarcações pertenciam a particulares (membros da nobreza de Portugal associados a mercadores italianos). Convém observar que as naus eram maiores que as caravelas e possuíam maior poder de fogo, além de comportar cargas mais volumosas.

Os onze navios oficiais pertenciam em sua maioria à Ordem de Cristo. Esta era uma ordem religiosa e militar portuguesa, derivada da antiga Ordem dos Templários, cujo grão-mestre (chefe supremo) era sempre um membro da família reinante em Portugal. Os recursos da Ordem de Cristo provinham das vastas propriedades que ela possuía, acrescidos dos lucros provenientes do comércio com a África. A célebre cruz vermelha e branca de extremidades alargadas, pintada nas velas das caravelas lusitanas, era o emblema dessa ordem.

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